sábado, 19 de março de 2011

A Menina dos Meus Sonhos.

    Quando eu a percebi pela primeira vez, não era a primeira vez que a vi. Estava simplesmente linda, gostava muito de dançar, e dançava com o corpo e com o olhar, um olhar gateado, daqueles que invadem a alma da presa. Parecia ser feliz, transbordava uma alegria no sorriso manso, na expressão meiga de sua face. Desejei tocá-la. Aproximei-me. Falamos, dançamos, estávamos nos entendo. Aos poucos ela revelou ser carinhosa, mas somente para roubar minhas carícias. E o tempo foi passando. Já eram quatro horas da madrugada, quando eu notei sua voz calma, uma canção aos meus ouvidos, cansados do som estridente das músicas do salão, estávamos sentados de frente um para o outro quando notei que naquele olhar e naquela voz havia uma desconfiança e incredibilidade nas minhas palavras; mesmo assim ela não se afastou permaneceu forte no seu propósito de conquista e domínio, qualidades próprias de aventureiros. Ao final troquei um beijo, ou melhor, roubei-o, ela quis corresponder, mas esquivou-se. Então com medo de uma provável derrota, puxei-a fortemente de encontro a mim. Foi quando o relógio despertou... “Acorda meu filho, hora do trabalho” minha mãe gritava da cozinha, “o café está na mesa”.
(Professor Edino)

O Aprendiz


O menino tinha um sonho, ele queria muito voar. Na primeira vez não deu certo. Depois ele deu dois passos, saltou e exclamou:
___ Senhor! Estou conseguindo.
E o velho respondeu indagando:
___ Diga-me, qual é a sensação de estar por cima? Como é sentir-se como um rei? Heim!? Vossa Alteza!?
___ Mentor!  Gritou o menino (Mentor era o nome do velho), não precisa bater as asas como um beija-flor, nem cantar como um bem-te-vi. Basta o mínimo de esforço e o triplo de atenção, é fácil!
___ Então, respire fundo e acorde! Disse-lhe o velho, isso é apenas um milésimo do que deverá aprender.


Longe É Um Lugar Bem Perto de Mim

Lá estava eu, longe de minhas recordações. Fui-me embora para a cidade grande sem saber o que me esperava, imaginei até que a cidade me esperava. Mas...
Sentei num banco da Praça Tiradente, em frente à Catedral, tentei pensar em algo que voasse meus pensamentos, mas o trânsito infernal despiu meu céu de ilusões. Só então, senti-me desolado, num mundo cheio de gentes e barulho.
Levantei-me e fui embora, fui encontrar minhas recordações.
Minha cidade me esperava. O inferno de meus tormentos encontrou a paz no céu.