segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um Anjo no Pé de Goiaba


Eu tinha aproximadamente um ano e meio, não me recordo bem, nossa casa, pela visão daquela época em que eu ainda era pequenino, parecia enorme, os cômodos todos muito grandes, os móveis então, nem se fala, pareciam gigantes; e quando saía para o quintal, meu Deus quanta liberdade. Lembro-me de um lugar onde ficavam as galinhas, outro lugar havia bastante madeira para lenha. O quintal todo era cheio de árvores gigantes; para mim é claro; a maioria era frutas. Uma delas o pé de goiaba.
Claramente não sei como cheguei até lá, no topo da goiabeira. Minha visão só permite lembrar-se da pilha de lenha que havia embaixo da goiabeira, lembro-me vagamente de perambular por sobre ela. Outra imagem que vem a memória é a Alda pendurada de mão em mão, nos vários galhos pelos quais ela saltitava, parecia um macaco. Lembro também que ela falava muito e ficava sempre agitada.
Ouvi alguns gritos que não sei interpretar o que eram. Mas em seguida minha mãe estava lá embaixo; como eu estava grande; não tinha a percepção de que estava alto e sim que havia crescido. Ela também estava agitada e revesava a agitação com momentos de calma, muita calma e voz macia, com momentos de fúria e voz agressiva. Não estava entendendo bolufas alguma, nem imaginava, ou melhor, nem sabia o que era perigo, e que eu estava passando por um momento que era muito perigoso e podia causar um acidente grave. Para falar a verdade não senti medo algum, acho que não entendia o que era o medo ainda.
Aos poucos fui compreendendo que estava recebendo instruções do que deveria fazer. Põe um pezinho aqui, o outro agora, não, não volta, isso, põe um pezinho aí embaixo, nesse galho, segura no outro agora, põe o outro pé, o outro, não, esse não, o outro...
Enquanto recebia as instruções recordo apenas da Alda de galho em galho, sempre pendurada, falante e agitda. E assim foi até chegar numa altura em que senti uma mão fria e úmida segurando minha perna e logo em seguida outra mão segurava-me por debaixo do braço e por fim me agarrando. Era a altura suficiente para o abraço da minha mãe.
Não me lembro de mais nada após isso, incrível, mas de uma coisa tenho certeza...
ANJOS EXISTEM!

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